quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

O SERTANEJO

O SERTANEJO

Muitas das vezes perco-me nos atalhos da vida em histórias;
E tento encontrar um caminho para compreender a sabedoria;
E sinto-me esquisito quando o vácuo chão se abre na escuridão do sertão;
Surgimento do nada num buraco  de areia e terra batida, talhado pelo sol...
Esculpida na vastidão do pó seco, sem grãos de sementes, sem água límpida, só barrenta!
um nome surge apagado na lápide da caatinga;
Com o carcará a pedir comida em pleno meio-dia de dura fome e dor;
Ao rezar uma Ave-Maria na vida em morte e pela agonia passadas em vistos voos...
São sete palmos de terra com formiga até chegar no adeus já dito;
E o raio silente, calado, não diz, queima até rachar o corpo redito;
E o suor pinga salgado e mostra folhas secas de morte com o vento...
Que nem o rio seco nem matando de calar os que gritam pelo defunto no relento;
E eu distante vendo, pensante, buscando sair desse achado,;

Caminho perdido, pelo horizonte despachado;
Esperando ser abençoado pelos que não têm tempo de chorar;
Porque todos caminhos, atalhos e desgraça vista não posso ir;
Mas, posso voltar para o mesmo lugar ou posso dar adeus...
Eu, nem tão pouco pararei para pensar no dito e redito nessas léguas de atalho;
Em chão bruto em formato de espiral...
Sei, que um dia certamente descalço enrolado em  uma rede voltarei;
Para uma nova reza fazerem pela morte que se reproduz;
Com o sangue suado das benditas vidas de sofreguidão;
Numa terra de despedidas que chora por gratidão!

Sérgio Gaiafi

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