terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

ARTIGO: CONHECIMENTO

Ao longo da História, as línguas — suas origens, sua diversidade e dinamismo — têm fascinado os estudiosos. De fato, tanto esse fascínio como a maioria dos registros históricos foram preservados pela própria linguagem. Sem dúvida, o meio de comunicação definitivo dos humanos é a linguagem.Alguns linguistas calculam que, atualmente, falem-se no mundo uns 6.000 idiomas ou mais, sem incluir os dialetos. Sem dúvida, a língua mais falada é o chinês mandarim, com mais de 800 milhões de falantes. Também, entre as dez línguas mais faladas do mundo estão o inglês, o espanhol, o hindi, o bengali e o português.
O que acontece quando culturas diferentes e conseqüentemente seus idiomas de repente entram em contato? Por outro lado, como o isolamento de uma população afeta seu idioma? Vejamos como as línguas podem tanto unir como separar as pessoas.
A colonização, o comércio entre países e até o confinamento em campos de concentração fizeram com que pessoas que não tinham uma língua em comum sentissem a necessidade de se comunicar. Assim, elas começaram a usar uma forma reduzida ou simplificada de um idioma. Deixaram de lado as complicações gramaticais, usaram menos palavras e as 

limitaram a áreas de interesse comum. Dessa forma surgiram os pidgins. Um pidgin, apesar de conciso, é um idioma com seu próprio sistema linguístico. Mas ele pode morrer se a situação que o gerou deixar de existir.

Quando um pidgin se torna a língua principal de uma população, acrescentam-se novas palavras e reorganiza-se a gramática. Ele se transforma assim numa língua crioula. Diferentemente do pidgin, a língua crioula expressa a cultura de um povo. Hoje se falam no mundo dezenas de línguas pidgins e crioulas — baseadas no inglês, francês, português, suaíli e em outros idiomas. Algumas até alcançaram destaque em certos países, como o tok pisin, em Papua-Nova Guiné, e o bislama, em Vanuatu.
Outro tipo de idioma que promove a comunicação é a língua franca — um idioma comum usado por grupos cujas línguas maternas são diferentes. Na República Centro-Africana, por exemplo, os falantes de vários idiomas locais conseguem se comunicar por meio do sango. O inglês e o francês são usados pelos diplomatas como línguas francas. Os pidgins são línguas francas e às vezes os crioulos também o são.
Nas diversas regiões dentro de um país, talvez se usem variedades locais da língua nacional, chamadas de dialetos. Quanto mais isolada for a região, maiores podem se tornar as diferenças. Com o tempo, alguns dialetos se tornam tão diferentes da língua original da região que se transformam em outro idioma. Em alguns casos não é fácil para os linguistas distinguir entre um idioma e um dialeto. Também, 

em vista das constantes mudanças sofridas pelos idiomas, às vezes os dialetos caem em desuso e se extinguem, e com eles desaparece um pedaço da História.

 O fascinante processo de transformação dos idiomas mostra que essa dádiva é muito adaptável. As línguas também nos ensinam que nenhum grupo étnico é superior a outro, porque não existem línguas inferiores. Assim como outras dádivas divinas, a linguagem está disponível igualmente para todas as pessoas, não importa sua cultura ou o lugar onde vivam. Desde o início, as línguas de todos os povos eram completas e funcionais. Cada uma é digna de respeito, independentemente de quantas pessoas a falem.
A natureza gregária dos humanos se reflete nos idiomas. Assim, quando há contato entre culturas — algo comum —, as línguas dessas culturas guardam indícios desse contato durante gerações.
Por exemplo, o espanhol, considerado uma versão modificada do latim, tem muitas palavras de origem árabe — um registro da ocupação muçulmana do território espanhol no oitavo século. Também se pode detectar no espanhol a influência do grego, do francês, do inglês e de outras línguas. Além disso, o espanhol falado na América contém indícios dos antigos habitantes do continente. Por exemplo, ali o espanhol incorporou muitas palavras do idioma náuatle dos astecas da América Central.
Assim como a língua materna identifica as pessoas de certa nação e até de uma região, o uso do idioma pode identificar a pessoa com um grupo — uma profissão, um ofício, associações culturais e esportivas, ou até organizações criminosas. A lista é praticamente infindável. Os linguistas chamam essas variações especiais de jargão, gíria ou às vezes até de dialeto.
Mas quando há desentendimentos entre nações e grupos étnicos ou culturais, os idiomas podem deixar de unir as pessoas. Às vezes contribuem para aumentar as divisões entre os povos.

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