terça-feira, 12 de março de 2019

ARTIGO: ÁRVORE

“Tenho uma dívida de gratidão com o cristianismo, e creio que o mundo em que vivemos nos últimos 2.000 anos também a tem.” 
Essa expressão pública de aprovação do “cristianismo” foi feita pelo escritor e apresentador de TV inglês Melvyn Bragg. Suas palavras refletem a opinião de milhões de habitantes do planeta que também reconhecem ter uma dívida enorme com uma ou outra religião, e são leais a ela. Tais pessoas estão convencidas de que a religião é uma poderosa força para o bem em sua vida. Por exemplo, certo escritor diz que o islamismo “serviu de inspiração a uma grande civilização...que .tornou o mundo inteiro melhor”.

As palavras seguintes de Bragg, no entanto, levantam uma questão séria sobre se a religião como um todo tem sido realmente uma força para o bem. Ele continua: “O cristianismo também está em dívida comigo, deve-me uma explicação.” Por que ele quer uma explicação? “Por causa do fanatismo, da perversidade, da crueldade e da ignorância obstinada que também têm caracterizado boa parte de sua ‘história’”, diz ele.

Muitos diriam que o fanatismo, a perversidade, a crueldade e a ignorância obstinada macularam a maioria das religiões no decorrer da história. Do ponto de vista deles a religião apenas finge ser benfeitora da humanidade — por trás da fachada de virtude e santidade, ela está na verdade cheia de hipocrisia e de mentiras.  “Nada é mais freqüente em nossa literatura do que afirmar que a religião é de importância especial para a civilização”, diz A Rationalist Encyclopædia (Enciclopédia Racionalista). E conclui: “Nada é mais flagrantemente contestado pelos fatos da história.”
Abra qualquer jornal hoje em dia e encontrará inúmeros exemplos de líderes religiosos que pregam o amor, a paz e a compaixão, mas atiçam as chamas do ódio e invocam o nome de Deus para justificar suas guerras sangrentas. Não admira que muitas pessoas encarem a religião como sendo quase sempre uma força destrutiva na sociedade!
Alguns, como o filósofo inglês Bertrand Russel, chegaram à conclusão que seria bom se, com  o tempo, ‘todo tipo de crença religiosa desaparecesse’. Do ponto de vista deles, o fim da religião é a única solução permanente de todos os problemas da humanidade. Talvez eles se neguem a reconhecer, porém, que os que rejeitam a religião podem ser responsáveis por tanto ódio e intolerância quanto os que a defendem. Karen Armstrong, que escreve sobre assuntos religiosos, lembra-nos: “Entre outras coisas, o Holocausto nos mostrou que uma ideologia secularista - pode ser - tão mortífera quanto qualquer cruzada religiosa.” — The Battle for God—Fundamentalism in Judaism, Christianity and Islam (Em Nome de Deus — o Fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo).
Portanto, o que a religião é realmente? Uma força para o bem ou a raiz dos problemas da humanidade? Será que livrarmo-nos de todas as religiões seria a solução de tais problemas? Não.

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