domingo, 28 de julho de 2019

SE ME VENHAM ESSES HOMENS

I
Mirem-se naqueles homens
Fustigados a esperar as águas de março
Implorando carícias molhadas
Das línguas de sal
Nas cadenas do amor
Em brasa para se sentirem
Na sudorese da pele que deslisa
Nas fronteiras do ardor.

II
Ah! Que me venha um desses homens
Beijar-me com hálito de hortelã
Na cor púrpura das campinas
Pelo arama da flor da cúrcuma
Porque esses homens serenos 
São tímidos e achegam-se
E ao sorrirem com olhar soslaio 
Tornam-se cativos para o amar...

III
Mirem-se nas lágrimas que brotam
Esses homens que ao chegarmos perto
Perfumam-se com verbena
E seus cheiros de mata virgem
Despem-se para envolverem-se
No fogueira das vaidades
Encontrando-se nas águas
Não só de março
Um eterno ano
Em um ciclo mágico.

IV
Se não fôssemos aqueles a buscar o leite
Derramado em chão de giz
Não poderíamos escrever sementes
Pelas paixões dos porquês
De sermos nós e estarmos sós
Com àqueles homens de amor.



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